Martin Schulz sobre o Conselho Europeu: conciliar austeridade e crescimento

Martin Schulz participou pela primeira vez num Conselho Europeu na qualidade de Presidente do Parlamento Europeu, onde alertou os Chefes de Estado e de Governo europeus para a necessidade de envolver o Parlamento Europeu em todas as decisões relacionadas com a resolução da crise do euro. Schulz defendeu que as medidas de austeridade não resolverão os problemas europeus se não forem acompanhadas de investimento em crescimento e emprego.

Martin Schulz, Conselho Europeu, 30 de janeiro de 2012 ©BELGA_B.Doppagne
Martin Schulz, Conselho Europeu, 30 de janeiro de 2012 ©BELGA_B.Doppagne

"Está na hora de nos centrarmos em medidas que permitam que a União Europeia ultrapasse esta crise", referiu, a propósito do debate em curso sobre a natureza legal do pacto fiscal proposto para estabilizar os membros endividados da zona euro.


Imposto sobre transações financeiras, euro-obrigações, agências de notação de crédito, iniciativa de crescimento
"Necessitamos de uma verdadeira união económica e financeira", acrescentou Schulz.


"Queremos um imposto sobre as transações financeiras", que se traduziria em cerca de 200 mil milhões de euros anuais para a União Europeia.


"Queremos as euro-obrigações", continuou o Presidente do Parlamento Europeu, para aliviar a crise da dívida e estabilizar o sistema bancário.


"Queremos uma agência de notação europeia", insistiu, para acabar com o monopólio dos Estados Unidos da América e evitar conflitos de interesses.


Por último, referiu, "queremos uma iniciativa europeia de crescimento" que permita utilizar os milhares de milhões de euros do Orçamento da União Europeia que não são utilizados pelos Estados-Membros.


No entanto, lamentou, em vez de se concentrarem no crescimento e no emprego, muitos governos continuam exclusivamente centrados na disciplina orçamental, uma estratégia que já foi descrita como auto-destrutiva por muitos comentadores.


Evitar a divisão da União Europeia

Schulz instou os líderes europeus a trabalharem em conjunto para evitar qualquer ameaça de divisão na União Europeia. "Não podemos permitir que a União Europeia se desagregue, nem aceitar o princípio de uma Europa a várias velocidades. A união faz a força!", concluiu.


Schulz informou que a união fiscal deve ser sujeita ao escrutínio do Parlamento Europeu e referiu que os países que assinaram o pacto devem poder participar nos futuros Conselhos Europeus, independentemente de pertencerem ou não à zona euro, nos quais o Parlamento Europeu também deve estar sempre representado.