Debate: Eurodeputados pedem apoio para os manifestantes na Ucrânia
A União Europeia não deve abandonar os ucranianos que protestam contra a decisão do seu governo em adiar o estreitamento dos laços com a Europa, de acordo com posição expressa pela maioria dos eurodeputados durante um debate sobre a situação no país, esta terça-feira. No entanto, alguns eurodeputados consideram que a decisão da Ucrânia em não assinar o acordo de associação expressa o fracasso da política externa da UE e a vitória da Rússia.
Štefan Füle, o comissário europeu para a Política Europeia de Vizinhança alertou que a Ucrânia não se pode dar ao luxo de sofrer mais tensões e divisões quando se prevê uma crise financeira iminente. “Uma grande parte da população já decidiu a direção que a Ucrânia deve tomar”, afirmou.
Para José Ignacio Salafranca Sánchez-Neyra, a recusa da Ucrânia em assinar o acordo não ficará na história como um dos momentos mais brilhantes da política externa da UE. “É difícil perceber como até ao último momento ninguém antecipou que o Presidente da Ucrânia pudesse bater com a porta”, afirmou o eurodeputado espanhol do PPE.
“Deveríamos estar a ajudar os ucranianos que expressaram de forma clara que querem entrar na União Europeia e que aceitam os valores ocidentais que a União defende. É o nosso dever moral”, defendeu Libor Rouček, eurodeputado checo do S&D.
Para Graham Watson “a vontade das pessoas em ter um futuro europeu é inegável”. “Gostaria de ver uma paixão semelhante entre os cidadãos da União Europeia que frequentemente tomam a segurança que adesão lhe traz como garantida”, afirmou o eurodeputado britânico do grupo ALDE.
Envergando a bandeira ucraniana, a eurodeputada alemã dos Verdes/EFA, Rebecca Harms apelou à ação da UE: “o papel da Europa é confrontar e evitar a escalada de violência e assegurar que existem negociações.”
Ryszard Legutko apelidou a Parceria Oriental de “fracasso humilhante". "A Rússia ganhou, a UE perdeu”, defendeu o eurodeputado polaco do ECR.
Para o eurodeputado alemão GUE/NGL, Helmut Scholz, “os cidadãos ucranianos, do leste ao oeste, do norte ao sul, devem ter a oportunidade de decidir por si próprios e a UE tem que fazer o que está ao seu alcance para que isto aconteça”.
“A cimeira da Vilnius significou a derrota da UE. A cooperação proposta foi de facto rejeitada pelo nosso maior parceiro na região”, sublinhou Zbigniew Ziobro, eurodeputado polaco do EFD.
O eurodeputado romeno não-inscrito, Adrian Severin afirmou que “a UE tem que compreender que o seu alargamento e a sua associação com vizinhos estão relacionados sobretudo com a sua própria segurança e não com a transformação desses mesmos países.”
"O Presidente Yanukovich deve escutar o seu povo", afirmou Elmar Brok. O eurodeputado alemão do grupo PPE e Presidente da Comissão dos Assuntos Externos lembrou ainda que as pressões comerciais de Moscovo sobre Kiev são uma violação do direito internacional.
"Estive ontem com os estudantes em Euromaidan", disse o eurodeputado polaco do ECR, Paweł Kowal: "podemos dizer-lhes que não se preocupem, que estamos a abrir a porta para eles”. Na opinião de Kowal, também Presidente da Delegação de Cooperação Parlamentar UE-Ucrânia, um punhado de iniciativas legislativas como a liberdade de viajar sem visto pode mudar por completo a situação no espaço de um ano.
Os eurodeputados vão voltar uma resolução sobre o futuro da Parceira Oriental na quinta-feira.