Fronteiras da UE: a cultura da Lapónia

Bem-vindos a Nuorgam na Finlândia, o ponto mais a norte da União Europeia. O sol acaricia as colinas que se situam perto da povoação, enquanto os ramos das árvores tentam furar a neve. A primavera aproxima-se mas o vento ainda se sente nos ossos. É esta a paisagem magnífica onde vive o povo sami, uma população indígena europeia.

A música é uma parte muito importante da cultura sami.

A terra natal dos lapões ou samis inclui as áreas do norte da Finlândia, Noruega, Rússia e Suécia, mas a vida nem sempre foi fácil para os seus habitantes. Embora a língua seja crucial para o povo sami, a sua utilização nem sempre foi permitida em ocasiões oficiais. No entanto, a União Europeia facilitou a cooperação transfronteiriça e a proteção das minorias. Na Finlândia, a população sami já tem o seu próprio Parlamento.


Aslak Holmberg, um jovem lapão que trabalha como professor na Universidade Sami em Kautokeino na Noruega, encontra-se ativamente envolvido na política de proteção das minorias. Participou no programa YES6, um dos projetos financiados pela União Europeia que incluía um programa educativo sobre as populações indígenas, minorias e política. “Somos tão poucos que é importante sermos ativos politicamente,” afirmou. “É bom ver que os jovens lapões estão orgulhosos das suas raízes e da sua cultura. Quando era jovem era o oposto”, acrescentou Aslak.


A 40 quilómetros a sudeste de Nuorgam encontra-se o Centro de Ciência e Arte Ailigas, onde Annukka Hirvasvuopio-Laiti lidera um projeto para criar um centro de educação para adultos parcialmente financiado pela União Europeia. O centro pretende ensinar música sami a professores e promover o empreendedorismo cultural na comunidade.


”A música é uma parte muito importante da nossa cultura. As nossas tradições encontram-se em perigo pelo que a sua promoção seria muito útil para a nossa cultura”, afirmou Hirvasvuopio-Laiti.


Em Ailigas também se planeia um centro de língua sami em Utsjoki. Uma vez que a União Europeia está empenhada em proteger as suas minorias, ambos os projetos, bem como a renovação do centro Ailigas, foram cofinanciados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e pelo Fundo Social Europeu. Estes fundos estruturais pretendem reduzir as disparidades entre as diferentes regiões, combater o desemprego e melhorar o ambiente competitivo nas regiões mais débeis da Europa.


“O impacto da UE é bastante notável para nós, especialmente através dos projetos que nos permitem preservar a vitalidade da língua e da cultura sami. Somos um pequeno município, as nossas capacidades económicas são limitadas”, explicou Eeva-Maarit Aikio, directora do desenvolvimento económico em Utsjoki.


Os projetos são muitas vezes realizados em cooperação com a Suécia, a Noruega, a Rússia, mesmo quando dois destes países não fazem parte da UE.


Este artigo foi publicado originalmente a 8 de maio de 2014.

Mais informação