Quarta-feira, 17 de Setembro de 2014 - Estrasburgo
Edição revista
Preparação da Cimeira da zona euro (debate)
Marisa Matias, em nome do Grupo GUE/NGL. – Senhor Presidente, tudo deve mudar para que tudo fique como está. A frase de Tomasi di Lampedusa podia ser o lema das instituições europeias. A obsessão com a austeridade e o que aqui passa como reformas estruturais está a acumular derrotas atrás de derrotas, a provocar a catástrofe económica e a deixar a Zona Euro à beira da desagregação.
Aqui fala-se de investimento, de criação de emprego, de crescimento, mas o que é que propõem na verdade como alternativa? Como alternativa o que propõem é mais austeridade e mais reformas estruturais. Mas agora resolvem dar-lhe um novo nome: é consolidação orçamental amiga do crescimento ou consolidação orçamental amiga do emprego. Verdadeiramente em que é que difere esta consolidação orçamental amiga do emprego da consolidação orçamental amiga da recessão? Em nada! Em nada, a não ser no nome.
Aparentemente, aqui nas instituições europeias, acredita-se que mudando o nome às coisas muda-se de política, que ninguém vai reparar que os resultados são catastróficos e desastrosos. Mas a verdade não é essa. A verdade não é essa e estamos cada vez piores e com piores resultados económicos.
Eu bem sei que os fanáticos da eurocracia europeia acham que o mercado de trabalho tem que ser completamente desregulado e que os serviços públicos têm que ser privatizados até ao último, e acham que as pessoas têm paciência para isto tudo, mas enganam-se. As pessoas estão a perder a paciência. Não há paciência nos cidadãos europeus. E, se continuarem assim, vão ter mesmo que encontrar outro continente para continuarem a fazer as vossas experiências.