Proposta de resolução - B7-0139/2014Proposta de resolução
B7-0139/2014

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO sobre a situação na Ucrânia

4.2.2014 - (2014/2547(RSP))

apresentada na sequência de uma declaração da Vice-Presidente da Comissão/Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança
nos termos do artigo 110.º, n.º 2, do Regimento

Guy Verhofstadt, Johannes Cornelis Hans van Baalen, Graham Watson, Louis Michel, Leonidas Donskis, Marietje Schaake, Marielle de Sarnez, Ramon Tremosa i Balcells, Sarah Ludford, Gerben-Jan Gerbrandy, Hannu Takkula, Alexander Graf Lambsdorff em nome do Grupo ALDE

Ver igualmente a proposta de resolução comum RC-B7-0138/2014

Processo : 2014/2547(RSP)
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B7-0139/2014
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B7-0139/2014
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B7‑0139/2014

Resolução do Parlamento Europeu sobre a situação na Ucrânia

(2014/2547 (RSP))

O Parlamento Europeu,

–       Tendo em conta as suas anteriores resoluções sobre a Ucrânia,

–       Tendo em conta as declarações da Alta Representante, Catherine Ashton, de 23 e de 27 de janeiro de 2014,

–       Tendo em conta a declaração do Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, em 22 de janeiro de 2014,

–       Tendo em conta as conclusões do Conselho "Negócios Estrangeiros" sobre a Ucrânia, de 20 de janeiro de 2014,

–       Tendo em conta a decisão do Parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) de revogar as leis repressivas adotadas em 16 de janeiro de 2014, que coartavam gravemente as liberdades fundamentais na Ucrânia,

–       Tendo em conta a aprovação da Lei da Amnistia pelo Parlamento ucraniano, em 29 de janeiro de 2014,

–       Tendo em conta a declaração do Presidente Barroso, na sequência da Cimeira UE‑Rússia de 28 de janeiro de 2014,

–       Tendo em conta a demissão do primeiro-ministro Mykola Azarov;

–       Tendo em conta os relatórios da missão de observação conduzida por Pat Cox, antigo Presidente do Parlamento Europeu, e por Aleksandr Kwaśniewski, antigo Presidente da Polónia, lançada pelo Presidente Martin Schulz e pelo primeiro-ministro Mykola Azarov,

–       Tendo em conta a Declaração Conjunta da Cimeira da Parceria Oriental de Vílnius, de 29 de novembro de 2013,

–       Tendo em conta a deterioração da situação na Ucrânia após a decisão das autoridades ucranianas de não assinar o Acordo de Associação durante a Cimeira de Vílnius de 28 e 29 de novembro de 2013, que desencadeou, em Kiev e em várias cidades da Ucrânia, a organização de grandes manifestações populares e que provocou a perda de vidas e violentos confrontos entre os manifestantes e a polícia;

–       Tendo em conta o artigo 110.°, n.º 2, do seu Regimento,

A.     Considerando que a situação na Ucrânia se tem deteriorado gravemente e que os incessantes confrontos entre manifestantes e autoridades têm provocado a perda de vidas humanas, relatos de desaparecimentos e inúmeros feridos;

B.     Considerando que prosseguem os protestos em massa no país contra as autoridades com o apoio da oposição política e das organizações da sociedade civil;

C.     Considerando que as forças de segurança da Ucrânia fizeram um uso excessivo da força, da intimidação e da tortura;

D.     Considerando que, nas últimas semanas, os manifestantes responderam à violência com violência e a ocupação de edifícios públicos;

E.     Considerando que o Parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) revogou a legislação de 16 de janeiro de 2014, que circunscrevia as liberdades fundamentais, nomeadamente o direito de reunião na Ucrânia;

F.     Considerando que o Parlamento ucraniano aprovou, em 29 de janeiro de 2014, a Lei da Amnistia sem o apoio da oposição e sem ter em conta as suas posições e preocupações, situação esta que não logrou o desanuviamento da tensão política nem respondeu às reivindicações da oposição e dos manifestantes;

G.     Considerando que a legitimidade das autoridades públicas pode ser renovada mediante a realização de eleições livres e justas;

1.      Exorta o Governo ucraniano, as forças de segurança, a oposição e os manifestantes na Praça da Independência (“Maidan”) que deem provas da máxima moderação, a fim de evitar mais mortes e feridos; denuncia o uso de força por ambas as partes e exorta ao termo imediato da violência;

2.      Regozija-se com a decisão do Parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) de revogar a legislação controversa que violava o direito de reunião; expressa, porém, a sua deceção face às condições constantes da Lei da Amnistia adotada em 29 de janeiro de 2014; insta o Parlamento da Ucrânia (Verkhovna Rada) a continuar a desenvolver esforços para lograr um compromisso mais amplo;

3.      Exorta o Presidente e o Governo a encetarem um diálogo sério e inclusivo com a oposição, a sociedade civil e os manifestantes da praça Maidan, a fim de desanuviar a situação tensa e polarizada e a encontrar formas de ultrapassar a atual crise política e social na Ucrânia;

4.      Recorda às autoridades a sua obrigação de respeitar e proteger o direito de reunião e de protesto que assiste aos manifestantes e condena o uso brutal da força e de manobras de intimidação, bem como as denúncias de tortura e de rapto por parte das forças de segurança na Ucrânia; exorta as autoridades ucranianas a garantirem que as denúncias de casos de violência, tortura e maus-tratos sejam objeto de investigação completa; faz votos por que todos os responsáveis sejam julgados;

5.      Exorta também os manifestantes reunidos na praça Maidan a absterem-se do uso de força, a não ocuparem os edifícios públicos e a manterem a legitimidade da sua causa comportando-se de forma pacífica; salienta que uma nova escalada poderá surtir consequências dramáticas e imprevisíveis para a situação política e económica do país;

6.      Exorta ao empenho contínuo dos funcionários da UE na mediação de um processo conducente ao desanuviamento e a um diálogo político mais construtivo no país; salienta que um tal diálogo deve ser transparente e garantir a participação plena da sociedade civil; insta a que sejam tomadas medidas rápidas e significativas em matéria de facilitação de vistos com a Ucrânia, a fim de melhorar e reforçar os contactos interpessoais com o país;

7.      Assinala que a ajuda financeira prometida pela Rússia foi recentemente suspensa na sequência da demissão do antigo primeiro-ministro Azarov;

8.      Toma nota dos apelos a favor de novas eleições, de uma revisão constitucional e de retorno à Constituição de 2004 e faz votos por que estas questões sejam abordadas pelo Governo e pela oposição; salienta que qualquer novo processo eleitoral deve desenrolar-se de forma livre e justa, a fim de evitar quaisquer eventuais suspeitas sobre os resultados;

9.      Reitera o seu contínuo apoio às aspirações europeias do povo ucraniano; salienta que a UE continua empenhada em trabalhar com a Ucrânia no sentido de melhorar as instituições democráticas, de reforçar o Estado de Direito, de assegurar a liberdade dos meios de comunicação social e de impulsionar reformas económicas essenciais;

10.    Reafirma o seu atual compromisso em relação à associação política e à integração económica da Ucrânia, com base no respeito por valores comuns, e em relação à assinatura do Acordo de Associação que inclui uma Zona de Comércio Livre Abrangente e Aprofundada; saúda a decisão de realizar reuniões de peritos com a Rússia para debater preocupações relacionadas com o comércio expressas por Moscovo; saúda e apoia os trabalhos em curso a nível da União Europeia e dos Estados Unidos no sentido de criar um importante pacote de ajuda a favor da Ucrânia, atualmente em fase de preparação;

11.    Recorda que poderão ser impostas sanções, como sejam proibição de vistos e congelamento de bens detidos na UE, aos responsáveis por violações graves de direitos fundamentais e exorta o SEAE a acompanhar de perto os acontecimentos na Ucrânia para estar preparado a atuar rapidamente em caso de necessidade;

12.    Toma nota do vasto leque de contactos estabelecidos pela missão de observação Cox-Kwaśniewski e convida o seu Presidente a consultar a Alta Representante em relação à viabilidade de prorrogar o seu mandato, eventualmente como missão conjunta do Parlamento Europeu e do Conselho;

13.    Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao SEAE, ao Conselho, à Comissão, aos Estados-Membros, ao Presidente, Governo e Parlamento da Ucrânia e às Assembleias Parlamentares do Conselho da Europa e da OSCE.