O papel e as operações da troica relativamente aos países do programa da zona euro - O emprego e os aspetos sociais do papel e das operações da troica (debate)
Edite Estrela (S&D). - A receita da Troica falhou. Os governantes europeus e nacionais bem podem apregoar que tem sido um sucesso que ninguém acredita. A realidade desmente diariamente a ficção em que alguns se querem refugiar. Consultem as estatísticas, observem o que se passa e, sobretudo, ouçam as pessoas.
É um sucesso a recessão económica e o aumento do desemprego? É um sucesso o agravamento das desigualdades e das injustiças sociais? É um sucesso ver que a maior parte das pessoas vive hoje pior do que antes da intervenção da Troica? O que mais surpreende é que não reconheçam os erros e não alterem a trajetória.
O Fundo Monetário Internacional já reconheceu que houve falhas graves, mas não tirou as devidas consequências e, perante a evidência dos maus resultados, há quem caia no ridículo de dizer que as pessoas estão pior, mas que os países estão melhor. Como se os países fossem uma abstração e as pessoas elementos decorativos.
No meu país, Portugal, o programa de ajustamento mais não tem sido do que um programa de empobrecimento. Há responsabilidades nacionais e há responsabilidades europeias. A Europa tem de mudar de rumo. Deixemo-nos de equívocos. Nenhum dos países sob resgate tem condições para, no curto prazo, resolver o problema da dívida pública se a Europa não concordar com a mutualização de parte da dívida.
Sem a redução significativa dos juros da dívida pública e sem o alargamento das maturidades os países sob resgate vão continuar a divergir da União Europeia, a perder os seus jovens mais qualificados de sempre e a pôr em causa a coesão social. É isto que os senhores querem?