Alteração da Diretiva 2011/36/UE relativa à prevenção e luta contra o tráfico de seres humanos e à proteção das vítimas (debate)
Anabela Rodrigues, em nome do Grupo The Left. – Senhora Presidente, em 2024, o tráfico de seres humanos continua a afetar milhares de pessoas em todo o mundo. Só em 2021, a União Europeia registou mais de 7 000 vítimas.
Entre 2008 e 2022, Portugal registou um aumento de 107 % neste tipo de crime. Infelizmente, no Alentejo, quem trabalha a terra são, na maior parte das vezes, cidadãos migrantes de países como o Nepal, Bangladexe, Bulgária, Roménia, Moldávia, Ucrânia, Índia, Senegal, Paquistão, Timor-Leste – e podia dizer outros–, atraídos para a Europa sob promessas falsas de redes de criminosas. À chegada, em vez de trabalho digno, são manipulados por empregadores que lhes apreendem os passaportes, os mantêm em locais remotos, com condições insalubres e com mais dívida do que salário.
Dos 24,9 milhões de pessoas, de que a OIT fala, que estão presos em trabalho forçado, 16 milhões são explorados no setor privado, como o do trabalho doméstico, como o a construção ou da agricultura. Há uma responsabilidade política da UE contra o tráfico, por uma melhor solidariedade, investimento na capacidade para acolher e integrar vias seguras para imigrantes e refugiados, ao invés de insistir em medidas securitárias que os deixam sempre nas mãos desta gente sem escrúpulos e sem um trabalho digno.