Utilização de um macaco na campanha www.help-eu.com
28.7.2009
PERGUNTA ESCRITA E-4115/09
apresentada por Raül Romeva i Rueda (Verts/ALE)
à Comissão
A campanha www.help-eu.com (descrita na sua página inicial como uma iniciativa da UE) produziu recentemente um anúncio sobre o seu trabalho no domínio da luta antitabagismo. O vídeo[1] apresenta um jovem macaco (aparentemente um macaco cynomolgus) a andar, preso por uma trela, num parque público, e pode ser visto no sítio Web acima indicado (anúncio n.º 2). A utilização de animais selvagens como «actores» em produções televisivas e cinematográficas é inerentemente cruel. Com o objectivo de os treinar para actuarem no momento certo, os macacos jovens são retirados à força das suas mães antes da idade do desmame, facto que lhes provoca um enorme sofrimento e danos psicológicos duradoiros. Os métodos de treino podem ser violentos, sendo os animais frequentemente mantidos em condições inadequadas. Quando os primatas se aproximam da idade adulta e se tornam agressivos, deixam de ser lucrativos para os seus donos/treinadores. Contudo, estes macacos vivem durante décadas, passando muitas vezes o resto das suas vidas em jaulas vazias, privados de qualquer convívio e sofrendo de uma série de tipos de comportamentos anormais, como andar permanentemente de um lado para o outro ou a automutilação. Se esses animais são salvos, são santuários financiados por particulares que os acolhem e lhes oferecem os cuidados de que necessitam para o resto das suas vidas.
A empresa que fez o anúncio, a Ligaris, apresentou uma carta de um veterinário que declara que o animal utilizado não foi sujeito a maus-tratos durante as filmagens e estava de boa saúde no momento da produção. Contudo, o mesmo veterinário identificou o animal como sendo um macaco capuchinho. Ora, os macacos cynomolgus e os macacos capuchinhos são animais muito diferentes, que comunicam e se comportam de forma distinta. Se o veterinário não consegue fazer a distinção, como saberá avaliar se o macaco apresenta sinais de sofrimento ou de doença? Não há dúvida de que falta aqui um conhecimento especializado. O comércio de animais de espécies exóticas mantidos como animais de companhia na UE constitui um problema gigantesco, e, nalguns casos, como o do macaco da Barbária, tem contribuído para que esta espécie esteja ameaçada de extinção no seu habitat nativo.
A apresentação de animais selvagens em situações não naturais e a exibirem comportamentos não naturais é anti-educativa e incompatível com o pensamento moderno em matéria de respeito pela Natureza. Inúmeros peritos e organizações de defesa dos animais selvagens, como a Dr.ª Jane Goodall e a Endcap, opõem-se veementemente à utilização de primatas em publicidade e trabalham em prol da sensibilização para a situação difícil vivida por estes animais.
Qual é a opinião da Comissão relativamente à exploração de animais selvagens para entretenimento do Homem? Qual foi a direcção que autorizou a produção deste anúncio com um macaco? A Comissão estaria disposta a assinar um compromisso internacional no sentido de não utilizar futuramente animais selvagens no seu material de informação?
- [1] (http://uk-en.help-eu.com/pages/astuces-tipsoff-en2-2.html).
JO C 10 E de 14/01/2011