Teletrabalho, cuidados não remunerados e saúde mental durante a pandemia

O aumento dos cuidados não remunerados e do teletrabalho afetou seriamente o equilíbrio na vida profissional-familiar e a saúde mental das mulheres, durante a pandemia.

A pandemia da COVID-19 provocou um aumento do regime de teletrabalho em muitos países europeus. Durante 2020, o primeiro ano da pandemia, o teletrabalho aumentou drasticamente.

Esta infografia mostra a percentagem de teletrabalho por género na UE entre 2015 e 2020 e nos países da UE com a maior percentagem de pessoas a efetuar teletrabalho em 2020. Leia a descrição longa por baixo da infografia.
Infografia com a percentagem de pessoas em regime de teletrabalho, por género, na UE e com o topo dos países com números mais elevados

A percentagem mais elevada de pessoas que trabalham desde casa na UE-27 encontra-se na Finlândia (25,1%), no Luxemburgo (23,1%), na Irlanda (21,5%), na Áustria (18,1%), nos Países Baixos (17,8%). Em Portugal, esse valor é de 13,9%.

Saiba como o Parlamento Europeu luta pela igualdade de género.

Aumento dos problemas de concilicação entre a vida profissional e a familiar das mulheres - factos e números

 

A maior flexibilidade e autonomia associadas ao teletrabalho resultam muitas vezes numa maior intensidade da carga de trabalho e em horários de trabalho mais longos, com efeitos negativos no equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada. Durante a pandemia, o teletrabalho colocou muitos desafios aos trabalhadores, no que se refere à organização do tempo de trabalho, ao equilíbrio entre trabalho e família, ao bem-estar e ao ambiente físico de trabalho.

 

Esta infografia mostra como o equilíbrio vida-trabalho se manifestou entre homens e mulheres durante a pandemia da COVID-19 (dados relativos a fevereiro/março de 2021). Encontre a descrição longa abaixo desta infografia.
Infografia sobre a conciliação entre a vida profissional e a vida familiar durante a pandemia

A pandemia afetou todas as pessoas, mas os dados mais recentes mostram que as mulheres sofreram mais do que os homens.

As informações recolhidas em fevereiro e março de 2021 demonstram que 7,4% das mulheres e 5,7% dos homens tiveram dificuldades para se concentrarem no emprego por causa das responsabilidades familiares. Os números são ainda maiores para as pessoas que se encontram a fazer teletrabalho a tempo inteiro, e na companhia de crianças pequenas (27% das mulheres, 19% dos homens).

Não foi apenas o trabalho que se viu afetado pelas responsabilidades familiares, pois a situação inversa também ocorre: cerca de 31% das mulheres e 22% dos homens que estão em modo de teletrabalho a tempo inteiro e com crianças pequenas em casa afirmaram que o seu trabalho lhes impediu de conceder à sua família o tempo que desejariam.

Um novo inquérito do Eurobarómetro destaca o grave impacto da pandemia da COVID-19 nas mulheres. Quatro em cada dez inquiridas (38%) afirmam que a pandemia teve um impacto negativo no rendimento das mulheres, bem como no equilíbrio entre a sua vida profissional e pessoal (44%) e no tempo que dedicam ao trabalho remunerado (21%).

Estatísticas mostram que as mulheres continuam a suportar a maior parte do trabalho não remunerado


As mulheres ainda fazem a maior parte do trabalho de prestação de cuidados de uma forma não remunerada e discreta, incluindo no que refere a cuidar de crianças ou de membros da família mais velhos.

Esta infografia indica a média de horas por semana despendidas por mulheres e homens em trabalho doméstico não remunerado durante a pandemia da COVID-19 (dados relativos a fevereiro/março de 2021 e a junho/julho de 2020). Leia a descrição longa abaixo.
Infografia com a média de horas de trabalho não remunerado na UE durante a pandemia

Em média, as mulheres passaram mais horas (11,1 em fevereiro/março de 2021) por semana a cuidar e/ou educar filhos ou netos do que os homens (6,1 em fevereiro/março de 2021).

Os dados também mostram uma diferença no que diz respeito a cuidar de idosos ou parentes incapacitados - 4,2 horas por semana despendidas em média pelas mulheres contra 2,9 horas pelos homens (em fevereiro/ março de 2021).

As mulheres ocupam-se ainda mais vezes de tarefas domésticas, incluindo a de cozinhar - 14,4 horas à semana pelas mulheres contra 9,4 horas à semana pelos homens (em fevereiro/março de 2021).


Um maior impacto na saúde mental das mulheres


A pandemia do coronavírus está igualmente a ter um impacto na saúde mental de género, já que as pandemias afetam mulheres e homens de forma diferente.

De acordo com um estudo solicitado pela Comissão dos Direitos das Mulheres e da Igualdade dos Géneros (FEMM) do Parlamento Europeu (PE), a pressão da conciliação entre a vida profissional e a vida familiar afetou gravemente o bem-estar das mulheres, sendo que mais mulheres do que homens são vítimas de ansiedade devido à COVID-19.

O papel informal das mulheres no desempenho de cuidados durante a pandemia também teve efeitos consideráveis sobre a sua saúde mental, sendo que as mulheres manifestaram um aumento de ansiedade e preocupação com a sua família, o bem-estar, e as finanças. As mulheres com filhos em faixas etárias mais jovens foram desproporcionalmente afetadas.

No Parlamento

Este ano, o Parlamento Europeu assinalará o Dia Internacional da Mulher na sua sessão plenária de 8 de março, enquanto a Comissão FEMM do PE celebrou a data com uma reunião interparlamentar a 3 de março que teve por título “Um futuro ambicioso para as mulheres europeias depois da COVID-19, com destaque para: a carga mental, a igualdade de género no teletrabalho e a prestação de cuidados não remunerada após a pandemia”.



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