Angela Merkel apresenta prioridades da presidência alemã ao Parlamento Europeu
Os eurodeputados debateram hoje com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, o programa da presidência alemã do Conselho para este semestre.
A presidência alemã do Conselho da UE está determinada a dar resposta ao enorme desafio colocado pela pandemia de COVID-19, disse Angela Merkel no seu discurso perante o Parlamento Europeu (PE).
A chanceler alemã destacou cinco áreas em que a Europa precisa de trabalhar se quiser sair unida e forte da atual crise: direitos fundamentais, solidariedade e coesão, alterações climáticas, digitalização e o papel da Europa no mundo.
"A Alemanha está preparada para demonstrar uma solidariedade extraordinária", disse Merkel no hemiciclo de Bruxelas, tendo em vista a construção de uma Europa verde, inovadora, sustentável, mais digital e competitiva. "A Europa é capaz de realizar grandes feitos se trabalharmos em conjunto e se nos mantivermos unidos na solidariedade", concluiu.
O vídeo da intervenção de Angela Merkel está disponível aqui.
Intervenções na primeira ronda do debate
(clique nos nomes para ver os vídeos)
“O desafio que todos temos pela frente não poderia ser mais extraordinário", reconheceu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. "Mas podemos emergir mais fortes graças ao [plano de recuperação] Próxima Geração UE. A Alemanha escolheu a palavra: juntos. Esse é o motor da nossa união", disse. A presidente do executivo comunitário sublinhou que a Europa precisa de um novo orçamento de longo prazo - o quadro financeiro plurianual (QFP) para 2021-2027 - e do instrumento Próxima Geração UE. “A Comissão fará tudo o que estiver ao seu alcance para que se chegue a um acordo”, assegurou.
Para Manfred Weber (PPE, DE),"o medo é inimigo da solidariedade, do futuro e da liberdade", afirmando que "a UE precisa agora de coragem para mostrar solidariedade". O eurodeputado reiterou que há grandes expectativas para a presidência alemã e que é necessário alcançar uma solução este mês para o fundo de recuperação."Nenhuma comunidade pode sobreviver sem espírito comunitário. Para nós, este é simplesmente o modo de vida europeu", asseverou.
Iratxe García Perez (S&D, ES) disse que está disponível para trabalhar "lado a lado" com a presidência alemã para superar as diferenças e as divisões Norte-Sul e Este-Oeste, em benefício dos cidadãos. "Temos de provar que é possível criar uma sociedade mais justa e sustentável, que pensa no ambiente e nas gerações futuras (...), protege os trabalhadores, valoriza a diversidade e gere os fluxos migratórios com solidariedade", frisou.
"A prioridade neste momento deve ser a adoção do plano de recuperação e do novo quadro financeiro plurianual", disse Dacian Ciolos (Renew Europe, RO). "Construímos a Europa em torno de um projeto, de uma visão e de valores fortes (...) Já é tempo de fazer do respeito pelo Estado de direito uma condição para aceder aos fundos da UE. A oportunidade política está aqui. Use este pacote sem precedentes como alavanca" para essa decisão, apelou.
Jörg Meuthen (ID, DE) criticou a chanceler por ser “ideológica” e por estar a "trair a ideia de Europa e a pôr em perigo o futuro das gerações vindouras", mencionando o Pacto Ecológico Europeu e o fundo de recuperação. "A sua compreensão da solidariedade é absurda", disse a Angela Merkel.
Ska Keller (Verdes/ALE, DE) disse que a determinação que a UE demostra em relação à COVID-19 deve também aplicar-se à luta contra as alterações climáticas. "Precisamos de ultrapassar a crise do coronavírus e de evitar a crise climática (...) A presidência alemã pode dar aqui um contributo importante”, como uma lei climática ambiciosa, apelando a uma redução de 65 % das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
Rafaele Fitto (ECR, IT) disse que até agora a resposta da UE à pandemia foi "lenta, pouco eficiente e sem uma verdadeira solidariedade". Para o eurodeputado, a Alemanha deve pôr de lado o egoísmo e recuperar o espírito original da UE, evitando os erros do passado. "Precisamos de revitalizar a economia, implementar políticas comerciais favoráveis e relançar o mercado interno", afirmou.
Martin Schirdewan (CEUE/EVN, DE) recordou as “prejudiciais políticas de austeridade implementadas durante a crise financeira” e pediu a Merkel que não cometa o erro duas vezes. O eurodeputado solicitou também à Alemanha que torne mais transparentes os trabalhos do Conselho e que deixe de bloquear a proposta relativa a um imposto sobre os serviços digitais aplicável às grandes empresas.
Vídeo das respostas de Angela Merkel aos líderes dos grupos políticos
Intervenções de eurodeputados portugueses no debate
Contexto
“Juntos pela recuperação da Europa” é o mote da presidência alemã do Conselho da UE, que teve início no dia 1 de julho e à qual se seguirá a presidência portuguesa, em 1 de janeiro de 2021.
A resposta à pandemia de COVID-19 e às suas consequências será a principal prioridade do trio constituído pelas presidências da Alemanha, de Portugal e da Eslovénia.
O desafio mais imediato é a obtenção de um acordo, pelos chefes de Estado e de Governo da UE (Conselho Europeu), sobre o plano de recuperação económica e o quadro financeiro plurianual (QFP) para 2021-2027.
Qualquer acordo sobre o QFP terá de ser aprovado pelo Parlamento Europeu para poder entrar em vigor. Os textos legislativos setoriais sobre cada programa europeu terão, por seu lado, de ser negociados e finalizados pelo PE e pelo Conselho da UE, no âmbito do processo de codecisão.
Para além da resposta às consequências da COVID-19, a presidência alemã irá acompanhar as negociações sobre a futura parceria entre a UE e o Reino Unido, impulsionar a transição ecológica e a transformação digital e promover os interesses e valores da Europa no mundo.
Portugal assume a presidência rotativa do Conselho da UE em 1 de janeiro de 2021, seguindo-se a Eslovénia, em 1 de julho de 2021.
Contactos:
-
Isabel Teixeira NADKARNI
Serviço de ImprensaAssessora de imprensa portuguesa