Eurobarómetro: A um ano das eleições europeias, os cidadãos sabem o impacto da União Europeia nas suas vidas 

Comunicado de imprensa 
 
 

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  • 80% dos portugueses reconhecem o impacto da União Europeia (UE) na sua vida quotidiana, enquanto a média europeia é de 71%  
  • Apoio da UE à Ucrânia é a ação que mais satisfaz tanto os portugueses (84%) como os europeus (69%) 
  • Mais de metade dos inquiridos já tem interesse nas próximas eleições europeias; 62% dos portugueses dizem que provavelmente votariam se as eleições acontecessem no espaço de uma semana 
  • 53% dos inquiridos portugueses ouviram falar recentemente do PE, sendo que a nível europeu o valor é mais alto, situando-se nos 62% 

O Parlamento Europeu publicou esta terca-feira um novo inquérito Eurobarómetro, em que se destaca o apoio dos cidadãos à democracia e a sensibilização para as próximas eleições europeias.

A um ano das próximas eleições europeias, o interesse público aumentou consideravelmente. Uma clara maioria dos cidadãos europeus (56%) está interessada nas próximas eleições - mais 6 pontos percentuais do que em 2018 num período homólogo. Em Portugal, 62% dos inquiridos diz que se as eleições decorressem na próxima semana, seria provável deslocarem-se às urnas, mas 59% revelam ainda não saber quando o devem efetivamente fazer.

A nível europeu, são cerca de dois terços (67%) os que afirmam que provavelmente votariam se as eleições se realizassem no espaço de uma semana. Uma questão semelhante foi colocada no inquérito Eurobarómetro do Parlamento Europeu em abril de 2018, quando 58% afirmaram essa probabilidade. Tal indica que os cidadãos estão mais sensibilizados para votar nas eleições europeias de 2024, em comparação com igual momento no período que antecedeu as eleições de 2019.

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, reagiu aos resultados do inquérito: “As eleições importam. Votar é a oportunidade para defendermos os assuntos que são importantes para nós. Apelo a todos, em especial aos nossos jovens, que votem e moldem a União Europeia em que querem viver”.

A democracia na União Europeia

Sendo as eleições fundamentais para todas as democracias, os cidadãos europeus consideram a democracia o valor mais importante a defender pelo Parlamento Europeu: 37% dos inquiridos consideram a defesa da democracia uma prioridade, seguida da proteção dos direitos humanos na UE e no mundo (28%), bem como da liberdade de expressão e de pensamento (27%). Em Portugal, a democracia continua a ser o valor a destacar (35%), mas é a solidariedade entre Estados-Membros e regiões (32%) e a proteção dos direitos humanos (31%) que vem a seguir.

Mais de metade dos inquiridos (54% dos europeus e 67% dos portugueses) estão satisfeitos com o funcionamento da democracia na União Europeia. Analisando vários elementos democráticos, a média europeia indica que os cidadãos estão mais satisfeitos com a realização de eleições livres e justas (70%), a liberdade de expressão (70%) e o respeito pelos direitos fundamentais (66%). Ao mesmo tempo, estão menos satisfeitos com a luta contra a corrupção (60%) e desinformação (52%).

Afunilando para o caso português, apesar de as eleições livres e justas (85%) e a liberdade de expressão (80%) apresentarem-se igualmente entre os níveis de satisfação mais elevados, 83% dos portugueses considera ainda satisfatória a diversidade dos media na UE. Considerando aquilo com o que estão menos satisfeitos, a luta contra a corrupção entra na equação de 67% dos portugueses e 54% está insatisfeito com os partidos políticos. Quanto à luta contra a desinformação, ao contrário da média europeia, os portugueses mostram-se maioritariamente satisfeitos (54%).

Retrospetiva e perspetiva

Após quatro anos da atual legislatura do Parlamento Europeu, os cidadãos reconhecem o papel de liderança da UE na resposta às crises sucessivas que marcaram este período. A grande maioria dos cidadãos está ciente do impacto da UE na sua vida quotidiana: cerca de oito em cada dez portugueses (80%) e sete em cada dez europeus (71%) partilham esta opinião, e cerca de um quinto (18%), para ambos os casos, considera que as ações da UE têm um grande impacto.

O papel do Parlamento Europeu é igualmente reconhecido: 53% dos portugueses recordam ter ouvido falar recentemente desta instituição (a nível europeu o valor é mais alto, situando-se nos 62%). Mas por outro lado, e para 66% dos inquiridos em Portugal (e 54% para a média europeia), este papel do PE deveria ter maior importância – uma opinião que se acentua entre os jovens.

Apoio à Ucrânia

O apoio da União Europeia à Ucrânia destaca-se enquanto ação com a qual os cidadãos estão mais satisfeitos (69%), apresentando níveis mais elevados nos Países Baixos (90%), na Suécia (87%), na Finlândia (87%) e na Irlanda (87%). Já os inquiridos na Eslováquia (45%) e na Grécia (48%) apresentam as taxas de satisfação mais baixas. Em Portugal, a percentagem chega aos 84%, colocando o país entre os mais satisfeitos.

Também é de relevar a satisfação dos europeus em geral e dos portugueses em particular no que respeita os domínios da proteção dos direitos democráticos e do respeito pelo Estado de direito (64% e 67% respetivamente), bem como da política externa (54% e 65%).

Crises sucessivas

As múltiplas crises dos últimos anos são claramente visíveis quando se analisa o estado da economia e a situação financeira dos cidadãos. Metade dos inquiridos (50% dos europeus e 61% dos portugueses) assiste a uma diminuição do seu nível de vida e acredita que a situação se mantenha assim durante o próximo ano. Outros 29% e 28% ainda não sentiram essa diminuição, mas preveem que tal aconteça no próximo ano. O que também aumenta as expectativas de soluções concretas: cerca de dois terços dos portugueses (70%) não estão satisfeitos com as medidas tomadas pelo seu país para fazer face à crise do custo de vida (65% dos europeus veem-se na mesma situação); e 61% não estão satisfeitos com as medidas tomadas pela UE para atenuar a situação (57% dos europeus sentem o mesmo).

Prioridades

Os cidadãos portugueses (54%), à semelhança da média europeia (38%), querem que o Parlamento Europeu ponha a luta contra a pobreza e a exclusão social em primeiro lugar. De seguida, em Portugal surge o apoio à economia e à criação de novos postos de trabalho (49%) e a saúde pública (45%). A nível europeu estas duas prioridades apresentam uma ordem invertida: 33% prioriza a saúde pública e 31% o apoio à economia e criação de novos postos de trabalho que fica percentualmente lado a lado com ações contra as alterações climáticas (uma prioridade que surge em quinto lugar, com 21%, para os portugueses).

Os resultados completos podem ser consultados aqui.

Contexto   

O inquérito Eurobarómetro da primavera de 2023 do Parlamento Europeu foi realizado pela Kantar entre 2 e 26 de março nos 27 Estados-Membros da UE. O inquérito foi realizado presencialmente, com entrevistas em vídeo (CAVI) utilizadas adicionalmente na Chéquia, na Dinamarca, na Finlândia e em Malta. No total, foram efetuadas 26 376 entrevistas, uma amostra que contou com 1 002 de portugueses. Os resultados da UE são ponderados de acordo com a dimensão da população de cada Estado-Membro.