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Relato integral dos debates
Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009 - Bruxelas Edição JO

Relatório anual sobre a PESC (2007) - Estratégia Europeia de Segurança e PESD - Papel da NATO na arquitectura de segurança da UE (debate)
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  Angelika Beer, em nome do Grupo Verts/ALE. – (DE) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, constata-se que, em anos recentes, se verificou uma rápida evolução na política externa e de segurança europeia. Devemos, no entanto, assegurar-nos de que se verifica uma evolução e mudança igualmente rápidas em relação às ameaças e crises de qualquer tipo.

O meu grupo opõe-se a uma avaliação apressada do nosso próprio trabalho. É por isso que também não estou preparado para discutir os relatórios que aqui temos hoje. O senhor deputado Saryusz-Wolski elaborou um relatório sólido e que iremos apoiar. Posto isto, o dilema estratégico é claro. O Alto Representante Solana está absolutamente certo quando nos diz que a cooperação europeia deve ser reforçada a um nível estratégico. Mas primeiro, e sobretudo, aquilo por que devemos pugnar, e que temos de apresentar, é uma estratégia europeia comum na política externa e de segurança, e isto é algo que ainda não possuímos.

Digo isto porque estamos numa encruzilhada histórica. Estes relatórios – e sobretudo o do senhor deputado Vatanen – sobre a NATO tropeçam à sombra do novo Governo dos Estados Unidos. O senhor deputado Vatanen declinou lidar com a questão do desarmamento nuclear – que iremos votar mais uma vez amanhã – no seu relatório. Então sobre o que é que estamos afinal a falar?

Irei agora abordar o relatório do senhor deputado von Wogau. Este relatório vem debater um novo conceito, as SAFE. Trata-se de um simpático truque com as palavras Synchronised Armed Forces Europe (Forças Armadas Sincronizadas Europeias) mas tal conceito simplesmente não existe. Mais ainda, não vemos por que razão haveríamos de o apoiar quando ele não está simplesmente sobre a mesa. O senhor deputado von Wogau negligenciou debater no seu relatório a segurança humana. O meu grupo insiste em que a União Europeia deve estabelecer claramente este objectivo em termos de política internacional. O senhor deputado não se assegurou de que falaríamos sobre a parceria para o reforço da paz ou o desenvolvimento de uma força civil de manutenção da paz. Por estas razões acho que posso dizer que este relatório é completamente desadequado se tivermos a convicção de que a Europa deve agir agora, nos próximos meses e a partir de hoje, e este entendimento ficou claro na conferência sobre segurança em Munique.

Temos uma janela de oportunidade após as eleições nos Estados Unidos e não sei quanto tempo ela irá permanecer aberta. Como Europeus, devemos agora formular os nossos interesses estratégicos e incorporá-los na Aliança, na NATO, assim como estabelecer as nossas definições de segurança no que se refere à Rússia, tal como salientou a Senhora Comissária Ferrero-Waldner. De outro modo, o que acontecerá é que, daqui a alguns meses, a Administração dos Estados Unidos irá ter uma perspectiva de mais longo prazo do que a União Europeia, e decidirá, em conversações bilaterais com a Rússia, posições cruciais em matéria de estratégia de segurança sem que o poder da Europa – o poder político, o poder de prevenção de conflitos – seja capaz de exercer alguma influência nesta restabilização da política de segurança transatlântica.

É por esta razão que apelo a vós e a outros para deixarmos verdadeiramente para trás as velhas percepções da Guerra Fria e escolhermos um dos dois campos, de modo a podermos avançar em consonância com essa escolha. A Europa tem perante os seus cidadãos a obrigação de criar agora uma parceria de segurança que proporcione paz, e não o inverso.

 
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