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Relato integral dos debates
Segunda-feira, 4 de Maio de 2009 - Estrasburgo Edição JO

15. Epidemia de gripe (debate)
Vídeo das intervenções
Ata
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  Presidente. - Segue-se na ordem do dia uma declaração da Comissão sobre a epidemia de gripe.

 
  
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  Androulla Vassiliou, Membro da Comissão. − (EN) Senhor Presidente, obrigada pela oportunidade de intervir neste Parlamento, na sua última semana, sobre a disseminação mundial do vírus da gripe A (H1N1). Permitam-me primeiro que faça uma breve exposição sobre a situação actual e, em seguida, sobre a acção da UE com vista à gestão desta crise.

O último relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (CEPCD) dá conta da existência, neste momento, de 94 casos confirmados de gripe A (H1N1) nos países da UE e da EFTA, e de 20 casos prováveis. A maior parte destas pessoas, embora não todas, estiveram em áreas afectadas fora da Europa. Foram comunicados oito casos de contágio entre humanos, sendo um deles, inclusive, um funcionário do serviço de saúde.

Porém, podemos regozijar-nos por não se ter registado qualquer morte entre os doentes infectados com este vírus na UE. Durante mais de uma semana observámos a disseminação de infecções no México, nos EUA, no Canadá, em Estados-Membros da UE e noutros países.

No México, o impacto na vida pública e económica fez-se sentir com grande gravidade. Reconhecemos e agradecemos os enormes esforços que as autoridades mexicanas envidaram para conter a disseminação do vírus e ajudar os que padecem da infecção.

A legislação da UE sobre doenças transmissíveis obriga os Estados-Membros a prestar informação sobre esses surtos epidémicos e sobre as medidas que se propõem tomar para os minorar. O CEPCD coordena as redes de vigilância que acompanham o número de casos comunicados. Por conseguinte, temos uma ideia muito precisa em toda a Europa da evolução da situação, o que oferece a base necessária para se tomar decisões responsáveis, adequadas e eficazes sobre a melhor forma de utilizar os nossos limitados recursos.

O quadro mundial de infecção foi suficientemente grave para levar a OMS, em 29 de Abril, a decidir subir para 5 o nível de alerta pandémico da gripe, reconhecendo que o contágio entre humanos teve lugar em pelo menos duas regiões. A Comissão tem estado constantemente em contacto e mantido uma estreita colaboração com a OMS.

Os meus serviços têm trabalhado arduamente para implementar as medidas tomadas, tal como definido pelo plano comunitário de preparação para a eventualidade de uma pandemia de gripe, a fim de dar resposta aos desafios impostos pelo actual surto. A Comissão accionou o seu dispositivo com vista às actividades no domínio da saúde pública em 24 de Abril, e desde aí os meus serviços têm-se mantido constantemente operacionais.

A Comissão tem convocado reuniões diárias da Rede de Doenças Transmissíveis dos Estados-Membros da UE e do Comité de Segurança da Saúde (CSS) desde sábado, 25 de Abril. Estas reuniões analisam a situação epidemiológica, debatem e decidem sobre medidas a tomar e actos legislativos adequados.

A informação veiculada ao público sobre as precauções a ter para evitar a infecção e sobre escolhas informadas relativamente a viagens tem sido debatida de maneira a assegurar uma mensagem coerente por parte de todos os Estados-Membros, com base num parecer científico emitido pelo CEPCD, em coordenação com a OMC. Decidimos alargar a vigilância no que se refere à gripe sazonal, o que normalmente teria terminado na semana 20, a fim de identificar infecções com este novo vírus da gripe.

A Comissão aprovou em 30 de Abril uma definição de casos de notificação obrigatória de doenças transmissíveis com base na legislação da UE sobre esta matéria, sendo que esta decisão foi publicada no Jornal Oficial de 1 de Maio.

Uma vez que as contramedidas médicas, como antivirais e vacinas, estão no centro da nossa resposta de saúde pública a esta ameaça, avistei-me com os produtores europeus no dia 29 de Abril, quarta-feira, para ficar a par das últimas informações sobre quais os produtos que estão em desenvolvimento, sobre calendários para novas vacinas e também para apurar se a intervenção da UE pode acelerar a distribuição. Estamos a analisar em conjunto com os Estados-Membros a melhor forma de optimizar a utilização das reservas existentes de antivirais, utilizando o mecanismo de coordenação do Comité de Segurança da Saúde.

Posso também informar o Parlamento de que, na sequência do meu pedido à Presidência, o Conselho "Saúde" reuniu-se em 30 de Abril e aprovou um conjunto de conclusões sólidas reiterando a necessidade de uma resposta coordenada para a nova ameaça da gripe.

O Conselho relembrou as obrigações legais dos Estados-Membros de coordenar a sua vigilância e responder a ameaças no plano da saúde e acordou que as restrições a viagens para zonas afectadas não constituíam uma resposta de saúde pública fundamentada. Contudo, o Conselho também acordou que a boa informação ao público era essencial e que os viajantes deveriam poder tomar decisões informadas.

A Comissão está agora a analisar um roteiro para a urgente implementação dos pontos incluídos nas conclusões do Conselho de 30 de Abril. Estes incluirão o desenvolvimento de vacinas, estratégia para vacinas, orientações para fazer o melhor uso possível das reservas de vacinas e antivirais, medidas preventivas e protectores, bem como informação e comunicação ao público.

É óbvio que todos beneficiamos da nossa sociedade e economia integradas na Europa. Contudo, esse benefício também acarreta uma responsabilidade. Significa que temos de trabalhar em conjunto para tomar exclusivamente as medidas que se justificam, com base em dados fiáveis. Isto é essencial se quisermos evitar que uma crise ao nível da saúde se transforme numa crise económica também. Todavia, não nos devemos concentrar indevidamente nos aspectos negativos destes acontecimentos. Graças à preparação conduzida pela Comissão após a gripe aviária de há uns anos atrás, a UE possui sistemas operacionais que permitem responder colectiva e eficazmente a esta ameaça.

Sei que nos últimos tempos, à medida que as eleições europeias se aproximam, esta Assembleia debateu o que realmente significa a Europa para os cidadãos. Nestes dias difíceis, creio que podemos ter uma perspectiva mais clara. Europa significa solidariedade ao manter-se unida para enfrentar esta crise. Significa cooperação, partilha de informação, competência e capacidade para actuar em conjunto, com base no melhor conhecimento disponível. Significa inovação, através de trabalho de investigação financiado a nível europeu para se conseguir chegar à produção de uma vacina o mais rapidamente possível. Significa capacidade, através das instituições europeias, que permite a todos os Estados-Membros responder imediata e eficazmente a uma crise comum. É isso que a Europa proporciona aos cidadãos.

Assim sendo, é verdade que a situação é grave, mas estamos mais bem preparados do que nunca para enfrentar esta ameaça. Depois de ter visto a determinação dos ministros da saúde da Europa na semana passada – e estavam presentes os 27 – estou confiante na nossa capacidade de resposta nos próximos dias.

 
  
  

PRESIDÊNCIA: Manuel António dos Santos
Vice-Presidente

 
  
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  Antonios Trakatellis, em nome do Grupo PPE-DE. (EL) Senhor Presidente, Senhor Comissário, em primeiro lugar, agradeço a informação circunstanciada que nos deu, e congratulo-me com as medidas que adoptou. Gostaria de chamar a sua atenção para três questões básicas que também referiu e que se me afiguram imprescindíveis para combatermos uma eventual epidemia.

A primeira tem a ver com os planos de que dispomos e que foram já traçados pelo Conselho, pela Comissão Europeia e pelo Parlamento relativamente à gripe das aves. Dispomos, então, de planos que são efectivamente bastante bons, apesar de algumas lacunas assinaladas por cientistas especializados na matéria. Gostaria, portanto, de perguntar se esses planos foram completados, se os Estados-Membros os adoptaram e se estão prontos para serem postos em prática, dado que o elo mais fraco é aqui muito importante; por último, relativamente à coordenação a que aludiu, apraz-me ouvi-lo dizer que estão preparados para assegurar essa coordenação em conjunto com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças em toda esta história da gripe.

A segunda questão que quero referir tem a ver com os medicamentos antivirais. Foi introduzida uma disposição que obriga os Estados-Membros a disporem de uma quota adequada. Os antivirais são também utilizados para tratamento, mas é óbvio que servem para a prevenção. Daí a necessidade de directrizes para a sua correcta utilização, porque não podem ser utilizados ao acaso.

A terceira questão que gostaria de colocar prende-se com a necessidade de se descobrir uma vacina para a nova gripe. Esta vacina vai ser muito importante e penso que, hoje em dia, com as técnicas que temos ao nosso dispor, as empresas poderiam tê-la pronta dentro de três ou quatro meses. Gostaria, portanto, que V. Exa. fizesse pressões nesse sentido, para que se realizem esforços efectivos que nos permitam obter uma nova vacina, a qual, juntamente com a da gripe sazonal – cuja aplicação V. Exa. fez muito bem em alargar também como forma de combater esta gripe por todas as razões científicas conhecidas –, constituiria a melhor barreira para impedir uma eventual pandemia de gripe.

 
  
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  Jules Maaten, em nome do Grupo ALDE. (NL) Senhor Presidente, aparentemente, a pandemia da gripe não é tão grave como se esperava. Uma vez mais, tivemos sorte, como tivemos por ocasião da SARS – ainda que isso se não fique a dever aos responsáveis políticos, Senhor Presidente. Quando a ameaça de gripe se tornou conhecida durante o fim-de-semana, eles concordaram com reunir-se para conversações urgentes na quinta-feira – o que me parece uma redefinição do termo "urgente". Posteriormente, não se tomaram grandes decisões. O que acontece se houver uma verdadeira crise?

O que acontece no caso da "grande epidemia" – que a Organização Mundial de saúde está convicta de que vai chegar e pode vir a custar oito a dez milhões de vidas? Os Ministros reuniram-se para trocar informações e fizeram-se planos. Todavia, de que natureza são esses planos? De que natureza é o intercâmbio de informações? Que medidas se tomaram? Essas medidas são realmente coordenadas? A Comissão está a receber todas as informações necessárias? Tenho as minhas dúvidas. Veja-se o exemplo dos medicamentos antivírus: quem tem esses medicamentos? Quem não tem? Além disso, os Ministros estão, finalmente, preparados para criar uma reserva europeia de emergência?

Muito embora não esteja convencido de que seja boa a proposta da França de se suspenderem todos os voos para o México, é evidente que é louca a decisão do Conselho de que cabe a cada um decidir fazê-lo ou não. Com as nossas fronteiras abertas, de que serve um país fazê-lo, se outro o não faz? Os países deviam ter tomado essa decisão em conjunto. A única solução para este problema é conceder plenos poderes à Comissão para tomar este tipo de medidas de emergência. A mando do Conselho, a Senhora Comissária devia ter possibilidade de tomar medidas de emergência dentro de 24 horas em questões como quarentena, medidas de desinfecção em aeroportos e restrições de viajar.

Não estou a acusar a Comissão. A Senhora Comissária e os seus funcionários procederam correctamente. No entanto, onde estava o Conselho? Olhamos em volta da proverbial poeirenta praça mexicana e lá está ele, sentado ao sol, junto da pequena estação. Corremos para ele a gritar:"Gripe! Gripe!". O "sobrero" ergue-se devagarinho e o Conselho responde: "Mañana! Mañana!", e volta à sua siesta. É difícil fazer o que quer que seja com este Conselho.

 
  
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  Bart Staes, em nome do Grupo dos Verts/ALE. (NL) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, gostaria de me associar aos que agradeceram à Senhora Comissária a informação pormenorizada que nos proporcionou. Não obstante, estou de acordo com o senhor deputado Trakatellis e com o senhor deputado Maaten. Em Junho de 2006, realizámos um profundo debate nesta Casa, tendo aprovado uma resolução em que, nessa altura, trabalhámos duramente na Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar. Reli essa resolução e devo dizer que, tal como o senhor deputado Trakatellis, receio que na sua actual abordagem haja muitas lacunas e muitos pontos fracos.

Nessa altura, recomendámos firmemente que se garantisse o intercâmbio de informações, bem como uma cooperação construtiva entre os Estados-Membros, com o papel de coordenadora para a Comissão, numa cooperação construtiva com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças. Quem agora olhar bem em volta – e o senhor deputado Maaten já abordou esta questão de modo muito explícito – verá que existem muitíssimas lacunas, que as coisas estão a ser tratadas de modo incrivelmente lento.

Quando às reservas de medicamentos antivírus, a Senhora Comissária foi a própria a dizer-nos, há alguns dias, que as reservas eram suficientes para cobrir 16% da população, quando nós tínhamos dito que o número necessário seria 30%. As coisas estão, por conseguinte, bastante abaixo da média, para não mencionar o que se refere ao intercâmbio de informações sobre a natureza do vírus. Este intercâmbio de informações é essencial, uma vez que, se não se conhecer a natureza do vírus, não é possível desenvolver vacinas.

Cientistas que contactei nos últimos dias afirmam não disporem de informações e não poderem ter acesso a elas. As informações sobre a natureza do vírus constituem material protegido, que é mantido em segredo. Temos todos esses institutos de investigação, mas não podemos fazer aquilo que temos necessidade de fazer. Cumpre fazer qualquer coisa a este respeito. Não podemos tolerar esta situação; a ameaça é realmente demasiado grande.

 
  
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  Urszula Krupa, em nome do Grupo IND/DEM. – (PL) Senhor Presidente, falando da questão da ameaça que representa o vírus da gripe, gostaria de citar algumas opiniões de utilizadores da Internet que surgiram como resposta ao pânico nos meios de comunicação social, a que foi dado um estímulo adicional pelos comentários feitos pela Organização Mundial de Saúde. Está a ser dito que, na base da histeria dos media, está o desejo de escoar as reservas de vacinas e de Tamiflu, um medicamento ineficaz, que estão a ocupar espaço nas prateleiras dos armazéns farmacêuticos, e a tentativa de distrair a atenção da crise mundial.

Estas reacções da sociedade não são apenas testemunho de uma desconfiança em relação à autoridade, mas podem também fazer com que as pessoas menosprezem uma ameaça real de pandemia no futuro. Penso que seria mais sensato dar informação sobre o perigo de uma possível pandemia de gripe ou de outra doença após observações um tanto mais longas de casos da doença e a investigação cuidadosa do vírus e da sua virulência. Isto evitaria a divulgação de informação incompleta, o pânico e, por exemplo, o massacre de porcos que está a ocorrer.

 
  
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  Irena Belohorská (NI). – (SK) Senhora Comissária, também eu gostaria de lhe agradecer a sua resposta activa e imediata ao caso em apreciação. Devido à globalização e aos grandes movimentos actuais de turistas, viajantes e outras pessoas, não existe lugar algum do planeta onde esta doença não possa aparecer. Estamos já a assistir a isto com os casos que surgiram em locais tão distantes do México como a Nova Zelândia, a Austrália, a Europa e a África.

Apesar da subsidiariedade na área dos cuidados de saúde, as doenças infecciosas não conhecem fronteiras e obrigam-nos a actuar em conjunto. Não existe nenhuma solução no contexto de um único país. O momento é de solidariedade. A Eslováquia está suficientemente preparada mesmo para o caso de a gripe evoluir para uma epidemia maior, quiçá por causa da anterior gripe aviária. Dispomos de 700 000 doses individuais de Tamiflu em reservas nacionais para 5 milhões de habitantes, e devo dizer que talvez seja também por causa da anterior gripe aviária que a população está inequivocamente bem preparada.

Em caso de epidemia, é muito importante manter o público informado, pois quando não existe informação há sempre muita desinformação. Podemos ver isto em vários países africanos, por exemplo, no Egipto, onde a ameaça de uma epidemia de gripe combinada com a ideia de que a doença foi propagada pelos suínos levou ao abate de 300 000 a 400 000 suínos. Todavia, talvez devêssemos mostrar outras formas de solidariedade neste caso, visto que as agências de viagens estavam a vender pacotes de férias para estes destinos, mas agora as pessoas estão a viajar para esses lugares apenas em caso de necessidade. Dado que temos a Eurolat, devemos pensar também em apoiar o México, onde se acredita que esta infecção provocará uma queda do PIB de até 4 % a 5 %.

 
  
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  Cristina Gutiérrez-Cortines (PPE-DE).(ES) Senhor Presidente, gostaria de dizer que precisamos de enviar mensagens realistas aos nossos cidadãos, tal como a Senhora Comissária procurou fazer.

A ciência está hoje muito mais apta a enfrentar esta pandemia do que estava há quatro anos, como demonstra o reduzido número de mortes que se regista actualmente. Já se conhece muito mais sobre casos de gripe aviária e humana e sobre o repertório da transmissão desta gripe suína. Já se sabe muito mais acerca das soluções e julgo, portanto, que devemos confiar na investigação, fomentar a investigação e exigir muito mais investigação em matéria de vacinas, conforme o senhor deputado Trakatellis observou também.

Sabemos igualmente que a sociedade está hoje muito melhor preparada do que há alguns tempos a esta parte, graças à grande quantidade de experiência acumulada e aos esforços organizacionais desenvolvidos em todos os países, sobretudo europeus, no sentido de conter a disseminação do vírus, armazenar medicamentos e oferecer aos cidadãos um leque de serviços mais alargado.

No entanto, inquieta-me o facto de esses cidadãos poderem não estar a receber informação suficiente. Quando olhamos para a imprensa, verificamos que 90% – ou mesmo mais – do material publicado fala de uma queda do número de infectados, mas diz muito pouco sobre os medicamentos e sobre o modo como os cidadãos devem agir.

Creio que é necessária muito mais informação. Julgo também que há que desenvolver um esforço político acrescido em prol dos nossos cidadãos. Para dar um exemplo, surpreende-me o facto de nenhum membro do Grupo Socialista no Parlamento Europeu ter comparecido no debate, de todos os seus lugares estarem vazios e ninguém ter pedido a palavra para justificar esta situação, quando este é um assunto que transcende os partidos e é do interesse de todos os governos.

Quero frisar ainda que podemos dar uma ajuda aos países terceiros, como disse a oradora que interveio antes de mim. Temos de dar apoio a todos os países que não dispõem das condições, da base ou da capacidade para prestar assistência a todos os seus cidadãos.

Por isso mesmo, a Europa da solidariedade tem de tomar medidas, o mesmo acontecendo com a Europa da comunicação.

 
  
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  Françoise Grossetête (PPE-DE). (FR) Senhor Presidente, gostaria de me dirigir à Senhora Comissária para lhe comunicar a minha preocupação. O desenvolvimento do vírus parece estar a estabilizar no México, na Europa, etc. E já ouvi esta manhã na rádio comentários segundo os quais talvez tenhamos feito demais, talvez tenhamos preocupado demais os nossos concidadãos.

Ora, Senhora Comissária, o que me preocupa não é o que está a passar-se neste momento; o que me preocupa é o que vai acontecer no próximo mês de Outubro, quando nos aproximarmos do Inverno. Todos sabemos perfeitamente que os vírus não gostam das temperaturas muito elevadas. Assim, o perigo não é agora; reaparecerá em Outubro, em Novembro, no próximo Inverno.

O que gostaríamos então de saber, Senhora Comissária, é o que a senhora prevê fazer precisamente para nos permitir estarmos prontos para enfrentar o vírus que poderá desenvolver-se, que irá talvez sofrer mutações daqui até lá. Diz-se que devemos vacinar; mas temos a certeza de que essa vacinas que vamos agora aperfeiçoar poderão servir para todas as situações?

Eis as questões que coloco. A preocupação é com o próximo Inverno. Assim, temos de comunicar, explicar aos nossos concidadãos que, seja como for, não devemos baixar a guarda, temos de continuar vigilantes, e será que a senhora, Senhora Comissária, poderá difundir uma espécie de pequeno guia destinado a ajudar os nossos concidadãos a adoptarem os comportamentos mais correctos?

 
  
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  Paul Rübig (PPE-DE).(DE) Senhor Presidente, Senhora Comissária, gostaria de saber se há estatísticas disponíveis sobre máscaras de protecção. Quantas máscaras estão disponíveis na Europa e que quantidades poderiam ser produzidas em caso de surto desse tipo de doença? O mesmo se aplica, evidentemente, aos medicamentos disponíveis. Há alguma visão das quantidades de medicamentos presentemente armazenadas na Europa e de quanto poderia ser produzido em caso de surto? Pensa que seria também possível fornecer informação aos médicos nas 23 línguas da União Europeia, de modo a que a informação pudesse ser fornecida rápida e eficientemente?

 
  
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  Adamos Adamou (GUE/NGL). - (EL) Senhor Presidente, Senhora Comissária, em primeiro lugar, obrigado pela sua apresentação integrada e circunstanciada. Fui o relator do Parlamento Europeu sobre os preparativos dos 27 Estados-Membros para combater a gripe aviária. Nessa altura, constatámos juntamente com o gabinete do Comissário que uns países estavam mais atrasados do que outros, sobretudo em termos de reservas de medicamentos antivirais. Gostaria de lhe perguntar se isso acontece também actualmente ou não. Caso não aconteça, isso significaria que hoje os Estados-Membros estão mais bem preparados.

Gostaria também de lhe pedir que faça alguma coisa em relação à imprensa popular e aos rumores não oficiais que circulam por toda a União Europeia e que estão a gerar pânico entre os cidadãos. Penso que isso também é da responsabilidade dos Estados-Membros e que talvez o seu gabinete devesse emitir uma recomendação a esse respeito.

 
  
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  Horst Schnellhardt (PPE-DE).(DE) Senhor Presidente, Senhora Comissária, muito obrigado por estar presente aqui e por ter chegado aqui tão rapidamente. Comparando esta situação com o caso da gripe das aves, estou  –  até mesmo eu, um eurodeputado impaciente –  muito satisfeito com o modo como a União Europeia, a OMS e também os próprios Estados-Membros reagiram.

Alguns deputados disseram que não há informação suficiente. Na Alemanha, acho que me deram informação suficiente sobre o comportamento a adoptar. Também não quero estar sempre a responsabilizar a Europa por tudo. Os Estados-Membros é que têm a responsabilidade de fornecer essa informação. Deveríamos também aproveitar esta oportunidade para lhes recordar que têm de desempenhar o seu papel em matéria de informação. Ouvi também, várias vezes, que ainda há algumas deficiências, em especial no que diz respeito às reservas de vacinas. Gostaria de saber se, efectivamente, isso é verdade, se os Estados-Membros, de facto, não querem partilhar vacinas e se estão a armazenar vacinas para utilização exclusiva no respectivo território, ou se concordaram em partilhar vacinas. Aí, estaríamos no mesmo estádio em que a Comissão está agora. Gostaria de manifestar a minha gratidão por este rápido e excelente trabalho. Parabéns!

 
  
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  Presidente. − O período catch the eye está encerrado.

Antes de dar a palavra à Senhora Comissária, queria também agradecer-lhe a sua intervenção inicial e, por antecipação, agradecer-lhe o conjunto de informações que nos dará seguidamente num tema muito importante e da actualidade, o que demonstra que quer a União Europeia, quer os Estados-Membros estão a encarar esta situação de forma muito positiva e muito próxima dos cidadãos.

 
  
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  Androulla Vassiliou, Membro da Comissão. − (EN) Senhor Presidente, agradeço aos senhores deputados as suas intervenções. É muito importante para mim ouvir as vossas opiniões sobre este assunto que se reveste de tanta importância.

Em primeiro lugar, permitam-me dar garantias de que todas as estruturas que criámos a fim de responder a qualquer ameaça à saúde desta dimensão têm estado a funcionar bem e que utilizámos todos os instrumentos à nossa disposição.

Como já disse na minha intervenção introdutória, desde o dia 25 de Abril de 2009 que temos mantido um contacto diário com todos os Estados-Membros e obtido garantias de que as orientações que lhes demos têm sido postas em prática e estão a funcionar. Contudo, tendo em conta a experiência da actual crise, estamos continuamente a actualizar as nossas estruturas e instrumentos, o que faz sentido, pois é apenas vivendo a crise em tempo real que podemos detectar as deficiências de qualquer estrutura.

Muitos oradores mencionaram antivirais e a suficiência de reservas. Infelizmente, como sabem, o meu antecessor discutiu o problema das reservas, num quadro europeu, com os Ministros da Saúde, porém, lamentavelmente, repito, esses ministros não quiseram que a Europa assumisse essa coordenação. Discutimos o mesmo problema no ano transacto em Angers, durante a Presidência francesa e, mais uma vez, os ministros da saúde insistirem em que cada Estado-Membro deveria ser livre de decidir por si o nível de reservas que considerava adequado. Sabemos que há diferenças consideráveis entre as reservas de um Estado e as de outro, facto que nos preocupa.

Contudo, tendo em conta as conclusões dos ministros da saúde de 30 de Abril de 2009, decidimos que a Comissão trabalharia em estreita colaboração com os Estados-Membros e que se um Estado-Membro precisar de assistência, então, dentro de um espírito de solidariedade, pediremos ajuda e tentaremos coordenar as necessidades dos Estados-Membros.

No que diz respeito à nova vacina, como eu disse, tive uma reunião com representantes do sector e discutimos longamente a necessidade, quer de antivirais, quer de uma nova vacina. Esperemos que no dia 11 de Maio de 2009 tenhamos as reservas de sementes destinadas à indústria para se poder dar início à produção da nova vacina. Não posso dizer quando estarão prontas, uma vez que dependerá das reservas, mas estimamos que leve entre 8 a 12 semanas.

Em resposta à pergunta da senhora deputada Grossetête, concordo completamente com as suas palavras sobre a importância de nos mantermos vigilantes a fim de dar resposta às necessidades que possam surgir, certamente depois do Verão, sendo que a criação da nova vacina nos permitirá, assim o espero, satisfazer as necessidades das nossas populações.

Contudo, gostaria de voltar a frisar que embora a situação seja grave, não devemos entrar em pânico. Concordo com o senhor deputado Adamou quando afirma que todos têm de ser tão razoáveis e realistas quanto possível nesta situação – entrar em pânico não ajuda ninguém.

 
  
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  Presidente. − O debate está encerrado.

 
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