Contributo da biodiversidade e dos seus serviços ligados aos ecossistemas para o desenvolvimento e a consecução dos ODM - Conferência sobre Biodiversidade - Nagoya 2010 (debate)
João Ferreira (GUE/NGL). - Antes de qualquer consideração de ordem económica, a preservação da biodiversidade constitui um imperativo ético e uma condição essencial para o futuro da própria espécie humana.
Antes de Nagoya, a União Europeia deve retirar ilações do seu falhanço neste domínio e deve corrigir o rumo, se o que pretende são resultados práticos mais do que repetidas e inconsequentes declarações de intenções. Entre outros aspectos, terá que proceder a uma profunda alteração das suas políticas sectoriais. Há que travar e inverter a redução da diversidade de espécies e variedades cultivadas, a erosão da base genética de que depende a alimentação, promover a utilização de variedades agrícolas específicas de determinadas regiões, combater a homogeneização da produção agrícola, os modelos intensivos de cariz portador, o abandono da produção de pequena e média escala que decorrem das actuais políticas agrícolas e comerciais. São apenas alguns exemplos. A biodiversidade constitui, e o conjunto de equilíbrios ambientais que dela dependem, um património do nosso planeta, um bem comum que não poderá, em circunstância nenhuma, ser objecto de apropriação privada, um bem comum que não tem preço e cujo usufruto e fruição, com justiça e equidade, deverá ser assegurado a todos.