Terrorismo na UE: atentados, vítimas e detenções em 2020

Embora o número de ataques terroristas na UE tenha permanecido estável em 2020, os extremistas aproveitaram a pandemia para fazer propaganda.

Infografia sobre o terrorismo de inspiração religiosa na UE
Terrorismo de inspiração religiosa na UE

De acordo com o relatório de 2021 da Europol sobre a situação do terrorismo na União Europeia (UE) houve 57 tentativas de ataque terrorista na UE dos 27 em 2020 (o que inclui tentativas bem-sucedidas, fracassadas e frustradas), em comparação com 55 em 2019.

Destas, 10 corresponderam aos ataques terroristas jiadistas na Alemanha, Áustria e França. Embora estes números representem apenas um sexto de todos os ataques na UE, os terroristas jiadistas foram responsáveis por mais da metade das mortes (12) e quase todos os feridos (47) registados. O número total de mortos e feridos na UE duplicou de 10 mortos e 27 feridos em 2019 para 21 mortos e 54 feridos em 2020.

Um total de 14 ataques terroristas étnico-nacionalistas e separatistas ocorreram na França e na Espanha, enquanto 24 ataques foram realizados por organizações terroristas de esquerda ou anarquistas ou indivíduos, todos na Itália. Na maioria dos casos, os ataques foram contra a propriedades públicas e privadas, como instituições financeiras e edifícios governamentais.

Em 2020, três Estados-Membros da UE (Alemanha, Bélgica e França) foram alvo de quatro tentativas de ataque terrorista motivadas pela extrema-direita da direita. Contudo, só um deles é que foi um ataque concluído.


Ataques jiadistas concluídos foram quase o dobro dos desmantelados

 

O terrorismo jiadista continua a ser a maior ameaça para a UE. Em 2020, o número de ataques terroristas jihadistas concluídos superava o dobro das conspirações frustradas.

2017

2018

2019

2020

Ataques perpretados

10

7

3

10

Ataques falhados

12

1

4

0

Ataques desmantelados

11

16

14

4

Total

33

24

21

14

Número de ataques terroristas jiadistas concluídos, fracassados e interrompidos na UE (2017-2020)

Fonte: Europol 2021


De acordo com a Europol, encontravam-se na origem de todos os ataques terroristas “lobos solitários”, enquanto quatro dos dez ataques bem-sucedidos foram perpetrados por cidadãos da UE. Alguns dos atores solitários manifestaram uma combinação de ideologias extremas e de problemas de saúde mental, com isolamento social e aumento do stress como resultado da pandemia, a qual se suspeita que tenha sido crucial em alguns casos.


 

Uma queda substancial das detenções de terroristas

Em 2020, foram comunicadas à Europol 449 detenções por suspeita de atos terroristas. Este número foi significativamente inferior ao de 2019 (1004). Não está claro se essa queda se deve à redução da atividade terrorista ou se é o resultado da diminuição da capacidade operacional na aplicação da lei devido à pandemia da COVID-19.

 

Maior uso de armamento simples

Os confinamentos que tiveram lugar durante a pandemia e o fecho de espaços públicos para evitar as concentrações das pessoas, como os centros comerciais, igrejas e estádios, parecem ter levado à diminuição do uso de explosivos em ataques terroristas.

Em 2020, os terroristas efetuaram principalmente esfaqueamentos, atropelamentos e incêndios criminosos. As armas de fogo foram usadas apenas no ataque terrorista de direita em Hanau, na Alemanha, em fevereiro, bem como no ataque jiadista em Viena, na Áustria, em novembro.

Radicalização online: uma ameaça crescente

Com o aumento do uso da Internet durante a pandemia, as comunidades online desempenharam um papel importante na disseminação do extremismo violento. Após os esforços de aplicações de mensagens, como o Telegram, para bloquear grupos terroristas, a propaganda jihdista tornou-se mais dispersa em várias plataformas online - muitas vezes de menor importância, sendo que os extremistas de direita, especialmente os jovens, usaram bastante os jogos de vídeo e plataformas de jogos para propagar a sua ideologia.

Tanto os jihadistas como os indivíduos de extrema-direita tentaram aproveitar a COVID-19 para fins de propaganda, enquanto os indivíduos da extrema-esquerda e os anarquistas incorporaram nos seus discursos as críticas às medidas governamentais para combater a pandemia.

A necessidade de uma coordenação de esforços à escala europeia


“Uma avaliação meticulosa da ameaça e os esforços coordenados são de extrema importância para identificar vulnerabilidades e reduzir a violência terrorista e extremista, tanto online quanto offline”, disse Claudio Galzerano, chefe do centro de antiterrorismo da Europol, durante a sua apresentação dos resultados do relatório anual da Europol aos membros parlamentares da Comissão das Liberdades Cívicas, a 22 de junho de 2021.


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